domingo, 30 de janeiro de 2011

Amor de Perdição [Serraria e Zeca Baleiro]


Meu amigo Richard Serraria acaba de terminar o conteúdo cultural Pampa Esquema Novo (MPB + Música Popular do Pampa).

O álbum traz participação de Zeca Baleiro, na milonga "Amor de Perdição", expressada em uma melodia suave que cita nomes de obras clássicas da literatura universal.

Com violão de Angelo Primon, gravado em Porto Alegre, a canção é mais uma "feita em trânsito", trazendo violinos de Pablo Grinjot, gravados em Buenos Aires. Voz de Zeca Baleiro gravada em São Paulo e voz de Richard Serraria gravada em Porto Alegre.


[Se não conseguir ouvir pelo tocador, clique aqui e ouça]


Amor de perdição

Isolda e Tristão

Perto do coração

Grande é o sertão.

É imperfeito meu amor, é imperfeito

tão imperfeito quanto eu sou imperfeito

meu amor...

A lua acesa, já nua, abria o meu coração.

O apanhador no campo de centeio

Orgulho e preconceito

O vermelho e o negro

O tempo e o vento.

É imperfeito meu amor, é imperfeito,

tão imperfeito quanto eu sou imperfeito

meu amor.


sábado, 29 de janeiro de 2011

Afogados no destino


Nós vivemos como peixes
Com a voz que nós calamos
Com essa paz que não achamos

Nós morremos como peixes
Com amor que não vivemos
Satisfeitos? mais ou menos.

Todas as iscas que mordemos
Os anzóis atravessados
Nossos gritos abafados.


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Não me falta o sol da manhã

... só falta você acordar.




Pras janelas se abrirem pra mim
E o vento brincar no quintal
Embalando as flores do jardim
Balançando as cores no varal



Não me falta o tempo que passa
Só não dá mais para tanto esperar.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Mais música: Ron Brown

Ainda no instrumental, aí vai um bom som, necessário para começar bem a segunda-feira!

Músicos participantes:
Sax: Ron Brown • Vocal: Tim Kepler • Bateria: Will Kennedy • Baixo: Alex Al • Guitarra: Caleb Quaye • Teclado: Todd Hunter • Guitarra: Tom Stahle

domingo, 23 de janeiro de 2011

Victor Wooten

É considerado um dos baixistas mais conceituados da atualidade. Músico desde os 3 anos de idade, Wooten integrou a banda Flecktones e já gravou discos solos.

Tocou ao lado de grandes nomes da música como Branford Marsalis, Chick Corea, Jaco Pastorius e recebeu diversos prémios, incluindo dois Nashville Music Awards e três (sem precedentes) para o de melhor baixista do ano, atribuídos pela Bass Player Magazine.
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No vídeo, a clássica Amazing Grace em um arranjo espetacular!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Primeiro desfecho

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Mais ou menos 12h me separam do primeiro frio na barriga na decolagem do avião
que me carrega para o que é agora uma mistura de empolgação, ansiedade e medo.
Por enquanto, uma pressão constante no estômago, um riso bobo na cara
e surtos dramáticos de não entender o que é exatamente que está acontecendo.

É só agora que comecei a arrumar a mala. Assusta o tamanho da fármacia que eu tenho que levar. Um nojo de precisar carregar tanta doença, por assim dizer.
Uma dor de arrumar os livros na mala, imaginando o quanto eles vão sofrer
ali nos fundos do avião. Acho que somos em 15. Eu e os livros.

Não tenho nada de especial para dizer, ao contrário do que pensava.
A partida não é grande coisa ou especial em si mesma.
É outra parte do processo.
Vou.


[Paulo Lutero]


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Meu amigo Paulo partiu nos últimos dias para Gana, para um trabalho social em um orfanato, num vilarejo de pescadores.

Respeitos constrangidos pela iniciativa. Pelo coração, pelas palavras e pelo que já vivemos.

Um pouco de tudo estará contigo aí, Paulo.

Um abraço, o maior de todos.

Di.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Quando tá escuro. E ninguém te ouve...


Uma noite longa
Pra uma vida curta
Mas já não me importa
Basta poder te ajudar

E são tantas marcas
Que já fazem parte
Do que eu sou agora...




Eu tô te esperando..
Vê se não vai demorar.

domingo, 16 de janeiro de 2011

The Falling Man


Talvez a imagem mais poderosa do desespero no início do século XXI
não seja encontrada na arte, literatura ou mesmo na música popular.
Pode ser encontrada em uma única fotografia.
[ Mark D. Thompson ]



"The Falling Man" se refere à fotografia acima, tirada pelo fotógrafo da Associated Press, Richard Drew, mostrando um homem caindo da Torre Norte do World Trade Center, às 09h41:15, durante o ataque terrorista em 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.

O homem da imagem - cuja identidade permanece incerta, - foi uma pessoa das que, aparentemente, foram forçadas a saltar dos andares superiores daquele arranha-céu antes do completo desmoronamento dele, ao ficarem presas pelo fogo e pela fumaça. Cerca de 1.344 pessoas foram emboscadas nos andares acima das zonas de impacto dos aviões. E pelo menos 200 delas saltaram.

Oficialmente, todas as mortes nos ataques, com exceção dos seqüestradores, foram consideradas homicídios e o escritório examinador médico da cidade de Nova Iorque afirmou que não classificou as pessoas que saltaram como "suicidas": "Um "suicida" é alguém que vai ao escritório de manhã sabendo que vai cometer suicídio... Essas pessoas foram forçadas a sair pela fumaça e pelas chamas."
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Essa música e as imagens do vídeo mostram parte da confusão de sentimentos que ficam na cabeça de muitos quando refletem no que tem se tornado a nossa humanidade.


[dica do Will. Thanks!]


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Dream


mais paz...



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O silêncio dos Inocentes

- Gondim

O metrô sacudia corpos de um lado para outro como se fosse programado para aquele ritmo. O atrito das rodas nos trilhos obedecia a uma métrica quase musical. Vendo as pessoas bailando, cabisbaixas, no vai e vem contínuo, inquietei-me com o silêncio. Ninguém conversava, ninguém ria; nenhum solilóquio maluco perturbava aquela valsa modorrenta. Responsabilizei o cansaço pelo entorpecimento coletivo. Ou seria a desesperança?

Antigamente, as filas dos bancos e das repartições públicas se transformavam em fóruns de cidadania. Repetiam-se as mesmas frases: “Por isso é que o Brasil não vai para frente”; “Isso é um absurdo”; “Até quando vamos agüentar?”; “Temos que fazer alguma coisa”.

Em um processo lento, não de repente, como queria o poeta, tal murmúrio foi-se calando. As pessoas param de reclamar, quando concluem que não adianta falar – gasta-se energia nos protestos. Instintivamente guardam seu grito para outro tempo, quando houver esperança.

O Brasil vem se calando. E seu sossego nasce da centenária percepção de que o clamor dos miseráveis nunca foi ouvido pela minoria rica e poderosa. Generalizou-se uma depressão coletiva, oriunda dessa quietude. O povo do tamborim, da cuíca, que faz samba numa caixa de fósforos, espirituoso e brincalhão, vem perdendo seu lado menino. Como lutadores de boxe cansados, baixaram a guarda; como ovelhas mudas, esperam o matadouro.

Enfraquecidas as resistências, reina essa curiosa bonança, responsável pelo caos social que tanto mata. Os miseráveis já haviam se calado há algum tempo, agora a classe média também emudeceu. No Brasil não há “panelaços” nem palanques onde enrouquecem tribunos eloqüentes e são poucas as passeatas reivindicatórias. Multiplicam-se apenas as marchas, os “showmícios” e os sindicatos sorteando prêmios. Os pusilânimes ganham espaço e repetem: “deixa acontecer para ver como é que fica”.

Oxalá, a brava gente brasileira recobre sua força criativa, restaure resistências e volte ao ringue em nome da sua dignidade. Filhos que não fogem à luta não podem se contentar em permanecer ordeiros e pacíficos. Gente que não teme quem deseja a própria morte não deve se conformar com a serenidade dos cemitérios.

Só quando voltar a indignação dos metrôs, ônibus e filas,
renascerá nossa esperança.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Formatura? WTF?!


Hoje fui lembrada por uma das pessoas mais importantes da minha vida, que exatamente nesse mesmo dia do ano passado, eu estava me formando.

Caramba, é verdade!


Para aqueles que me conhecem, sabem dos meus conceitos - até mesmo polêmicos para alguns - sobre o diploma e a clichezada de uma 'formatura' para o senso comum de alguém, além de tantas outras coisas que estão próximas a essa questão. Sou meio chata mesmo. Tenho minhas críticas por diversas razões que não vou expor agora. Mas uma coisa é certa: lembrar do que vivi, mexeu comigo.

Eu preciso confessar que o tempo mais uma vez me surpreendeu. Voou como nunca. Ou caminhou como sempre. A grande verdade é que a gente adora falar do tempo. Mas ele sempre é o mesmo.

Eu não sei se eu corri. Não sei se fechei meus olhos. Mas, pensar que, 365 dias já se passaram, me parece um tanto assustador quando olho cada fotografia e essas lembranças me remetem ao tempo - não distante - de estudante de Comunicação Social. Da paixão pelo tema do TCC feito às pressas, devido ao período curto - decorrente da gripe suína - que tanto prejudicou nossas universidades. Dos anos de aprendizado no Diretório Acadêmico Wladimir Herzog. Da suada e estressante eleição. Dos debates. Das tantas reuniões. Das 'brigas' com a direção. Do abaixo ao canetaço. Das perguntas e da frustração da falta de consciência política da maioria dos estudantes. Da mudança do currículo acadêmico da ECOS. Das fotografias aos domingos na Ilha dos Marinheiros. Da pesquisa com o Tela. Do sorvete de ouro branco da Sorvesucos. Da redação. Dos panchos. Das polares por entre os bares. Das crônicas. Do documentário sobre mundo paralelo e, posteriormente, sobre redução de danos, que, acreditem: até hoje não foi editado! "não há horário no laboratório de video". Da aceitação pelas diferenças. Das mil conversas com a Nessa. Do Pescador. Do meu grupo. Da voz engraçada da tia do bar. Dos desentendimentos. Do pátio com as árvores e com os banquinhos. Dos churrascos, no mínimo, engraçados. Do sofá do D.A. Da demora do Saúva pra pegar a grana no DCE. Das idas incansáveis nas salas de aula. Da vontade de mudança e das buscas pelo engajamento estudantil. Das assembléias turbulentas. Das avaliações institucionais. Do ego tendo de ser enfrentado até no movimento. Das conversas pelos corredores. Dos dias passando. Do medo e da incerteza. Da semiótica. Das diversas linguagens. Da Confecom. Do CIC sobre o MST. Do satolep na contramão. Da banca de exatos 29 minutos de apresentação. Da ânsia sempre latente.

Do abraço dos meus pais no tal 9 de janeiro de 2010.


Hoje me encontro um pouco mais calma e com mais vontades. Ganhei pessoas novas. Conhecimentos. Experiências. Quebrei a cara. Aprendi. Errei. Sorri. Entendi mais ainda que a paixão pelo jornalismo deve ser vivida de maneira revolucionária. Mais humana, libertária e sensível.

Eu to aprendendo. Acho que é apenas o começo.

E eu adoro não pensar em finais quando sou apaixonada por algo.

Não. Nesse caso, a paixão não acaba. Se renova a cada dia.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Pra que eu possa viver


Talvez eu não faça planos. Não trace metas tão lineares.
Talvez eu fique ainda mais calma. Me deleite no meu próprio ser inquieto e quente.
Eu quero a minha caminhada mais serena. Escolher como eu vou andar.

Eu vou sentir o mar mais próximo de mim. Me deixar levar pelas flores do campo, espalhadas pelo chão. Sentir meus pés tão próximos do céu ao passo que estão descalços na areia. Eu quero o alto. E necessito mais do vento me aquecendo, me levando, me batendo, me refrigerando, me dizendo. Eu quero o meu silêncio gritante, exprimido, liberto e calado. Quero ficar comigo mesma no meu ar, meu som, meu soneto de vivências latentes.

Quero ficar ao lado das coisas, do ser, do corpo, do coração. Quero ser par. Que seja ao tempo escolhido. E intenso, sentido. Não me importo com os espinhos. As flores do campo permanecem no chão. Eu as quero e as aceito se forem pegas ou arrancadas através do generoso e sensível ato.

Eu quero mais a música, pulsando nas minhas veias, na minha falta de exatidão. O som da melodia calada e entoada às mais diversas maneiras de me tocar. Eu quero a canção envolvendo o ar que respiro, me trazendo razão incerta e desmedida. Pra que eu não possa deixar de ouvir.

Eu vou voltar a ser criança pra dizer que amo. Sem medo. Vou sorrir pra mim mesma sem saber. Eu não vou ter respostas. Eu quero as perguntas. Eu vou tentar imitar para mim mesma, a alegria do meu cachorro quando me vê chegando após um árduo dia de trabalho. Quero ser alegre para mim, mesmo que cansada. Mesmo que o desânimo me peça para desistir. Quero me entreter com minha presença, me enfrentar.

Eu quero as minhas raízes. A busca pela liberdade da minha gente, a nossa história que tentaram apagar. Me lembrar de um passado que não vivi. Quero saudar um futuro mais livre e de paz. Viverei meu presente corrente, questionador, esperançoso. O balanço da minha cor. O som grave, retumbante e inquietante. O barulho da lembrança, do medo escondido, do grito liberto, da espera pelo amanhecer.

A poesia permanecerá como tatuagem, firmada no corpo e refletida nos olhos. Escreverá inrazões, saudades, desejos amortecidos, orações, desesperos, esperas e afastamentos. Quero a poesia calada, mentirosamente morta para viver a cada dia dentro de mim. Quero a poesia do ouvido com o próximo, da vontade amante, do se deixar arriscar. Quero a das perguntas. Aquela que me intriga, me instiga, me leva. Me permite.

Eu quero o beijo leve. E que me leve. Para o desconhecido lugar que me aconchega. E me deixa em paz. Eu quero o suspirar afoito. No meu ouvido. Como grito de insensatez. Quero palavras, não somente. Mas as quero. Como selos de sentimentos soltos. Quero proteção singela. Não quero horários. Eu quero o tempo da incerteza. Do fechar dos olhos. Eu quero dançar junto com a música. E quando ela findar, sorrir como quem não queria que acabasse.

Eu quero ouvir as vozes, que, unidas, tornam-se uma. Quero engrandecer a gentileza dos que saem de cena para deixarem a liberdade fluir, naturalmente, por ela mesma. Quero sentir o espaço presente. Quero me salvar dos meus conceitos. Quero a minha fé abastecedora do meu contato com a paz que é tão real e aprazível.

Quero estar perto.


Eu quero o mundo. Quero os lugares. O desconhecido. Quero as cenas. O passar rápido da viagem pelas diversas árvores, estradas. Pelas nuvens e pelo céu. Eu quero a realidade do irreal construído durante tantos anos. Eu não quero as desistências frustrantes. Eu preciso permanecer caminhando.

Não são metas. São vivencias incompletas e lembradas. Um dia já vivi. Um dia vou viver. Eu vou ficar mais próxima da simplicidade que me traz o sentido da bem-aventurança. Quero os versos e o inverso. Eu continuarei na inocência que me faz acreditar em mim. Nos próximos dias. No que eu não sei.

Me disseram que não há sol a sós.
Eu não estou sozinha.

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domingo, 2 de janeiro de 2011