sábado, 31 de dezembro de 2011

Quero apenas cinco coisas

.
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos

Não quero dormir sem teus olhos.

Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.

[Neruda]

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

sábado, 24 de dezembro de 2011

De concreto, tenho a vida

.
O silêncio. E o balançar das asas da mariposa que voa freneticamente em meia luz. São silhuetas do meu cenário aqui. É difícil, mas excitante pensar, - diante desse silêncio vazio e estridente, nos rumos de tantos caminhos paradoxos e entrelaçados. Gil Scott Heron geme ao piano que grita e dança ao passo da batida – lenta e penetrante: Looking for a way, out of this confusion. Preciso aumentar o som porque me mira e me leva. E porque os zunidos do inseto me entontam. É isso que me faz companhia aqui.

Lá fora, gotas caem em pleno cansativo dezembro. Não faz muito tempo que saí de perto de sirenes, sangue, gente sentada e deitada – a espera. Toquei suas mãos, beijei seu rosto e encostei-me em seu peito. Ele sorriu. Antes, 192 súbito e de repente. E ainda dizem que o solstício é no dia 21 de dezembro. O meu foi hoje. Em minha esfera, sua declinação demorou mais. Atingiu o maior tempo em latitude, me aqueceu e me insultou durante o longo dia todo. Minha órbita parou e eu vi o cair do meu mundo em instantes pelo reflexo de dor, impotência e desespero. Meu sol se foi, trazendo a escuridão que, através do vidro da janela, me observa agora com calma.

O cenário é o silêncio, o zunido, a gota, o som e o lento levantar da cabeça... de olhos fechados. Sempre consegui entender que o silêncio pode estar no meio do mar barulhento. Talvez esse último solstício do ano me fez viver hoje, - o dia que ainda não acabou como marca e banho de água gelada ou fervente que mostra sentido. E nem tudo faz sentido. Importa a vida que hoje foi colocada à prova. Você vai me dizer: ‘ela é colocada todos os dias.' Viver é um desafio, eu sei. Mas hoje eu sei que meu 2011 foi maior do que meu 2010.

Eu não sei como é perder quem mais amamos. Talvez seja uma espécie de perda de si mesmo e de tanto sonho sonhado junto. Há tanta vida lá fora querendo viver; também sei disso. Mas e quando as lembranças trazem a vivência inigualável e profundamente doce de uma relação mútua e significativa? Não sei, de fato, o que é morte e sei que um dia irei conhecê-la. Temo, mas temi hoje mais do que sempre a partida de quem mais amo. A morte de alguém que é a mesma minha. Não existiu, mas doeu.

E precisei de um abraço como dificilmente tanto busquei. De dentro do carro, um amigo, me disse: “viva, simplesmente”. Tirou parte do meu medo como bálsamo derramado em minha voz presa. E me sorriu com lágrimas falando de suas afeiçoes. Veja só como é a vida! Um dia pechamos copos com batidinhas de brindes! e às vésperas de um natal choramos por medo e incerteza.

Talvez a dor me faça mais forte. Talvez o insulto me faça mais corajosa. Talvez o sol só aqueça e a noite só encante. Talvez o susto lembre que a vida é uma só. Talvez a vida acabe logo ou permaneça. Talvez o brinde chegue agora no natal e todos nós estejamos em casa, juntos mais uma vez.

'Obrigada por ainda estar aqui. Me confortas. E me inspiras.'

E o zunido não pára. Mas o piano canta. De concreto, tenho ainda meu sorriso.

Quero estar perto de tudo. Lembrar do que sinto. Dizer que já fui feliz. E que o sol há de brilhar mais uma vez. Quero ficar ao lado, sentindo as batidas como quando segurei suas mãos e pedi pra ficar mais um pouco. 'Obrigada por ficar.' Quero continuar sendo água. Quero o colo. Rivers of my fathers. E os dias para continuar vivendo. De concreto, ainda tenho a vida e a presença de quem amo.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Deixe o coração falar também

.
Porque ele tem razão demais quando se queixa.



Então a gente deixa, deixa , deixa, deixa
Ninguém vive mais do que uma vez
Deixa
Diz que sim prá não dizer talvez
Deixa
A paixão também existe
Deixa
Não me deixes ficar triste.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Essas tuas verdades...

.
essas tuas verdades
vão acabar criando deuses
caindo de escadas
saltando da vida pulando sacadas

essas tuas verdades
vão acabar acordando demônios
tropeçando nas cores
pisoteando a grama
represando as dores

essas tuas verdades
vão acabar despertando luxúrias
causando pudores
mordendo a carne
retesando amores

essas tuas verdades
nem parecem mentiras.
[Valder]

Foto: Piquenique Cultural - 18/12/11

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Mi piel es de cuero...

.
Soy la fotografía de un desaparecido
La sangre dentro de tus venas.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Giovane Oliveira

.

Junto ao sangue, somos érnias, cordões e veias.
Te trago comigo como selo em meu peito. Feliz aniversário.

Lixo e Tô chutando Lata

.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

domingo, 11 de dezembro de 2011

Hip Hop em Pelotas: Sobre dias bons e noites ruins

.
No Dia da Consciência Negra, Pelotas recebeu um dos maiores eventos culturais de 2011: Hip Hop Representa. O local trazia a estética de uma velha renovada Pelotas, com suas paredes envelhecidas, na antiga Estação Férrea, - um dos locais onde os negros antigamente nem chegavam.

Palco pronto, periferia no centro, música e palavras durante o dia todo. Pelos lados e cantos, rostos velhos e novos: Jair Brown, Gagui IDV, Banca CNR, Contra Regra, Guerreiros de Mente Aberta. Palco e platéia eram um só.

A noite teve a participação, 'vinda do Planalto Central', de GOG.


Genival Oliveira Gonçalves é percursor do movimento no final dos anos 80, em Brasilia. Com envolvimento em movimentos sociais como o MST e projetos pessoais na área da educação, Gog tem a língua afiada e com seus poemas longos de protesto exprime absurdos sociais, alivia indignações como porta-voz e motiva a entender que o que está diante dos nossos olhos é tão urgente quanto nossa necessidade de viver.

Video – Coletivo Rede:

---

E pese a pauta ‘hip hop’, impossível não lamentar o episódio no mínimo desconfortável que aconteceu ontem (link também AQUI) com a produção do show do Emicida na cidade. Depois de um 20 de novembro em paz, Pelotas desconstrói parte do que vem construindo e intensificando. Sim, 2011 foi um dos anos emblemáticos para o movimento hip hop. Depois de tanta resistência, picuinha, periferia contra periferia e motivações pessoais, finalmente algum avanço se teve neste ano: Discussão da Lei de Incentivo à Semana do movimento, audiências massivas, gravações de discos e clipes, envolvimento com a região sul e eventos unificados.

Como testemunha do crescimento que vi neste último ano, encerro dezembro com um pouco de esmorecimento depois da violência de ontem. E não falo apenas de 'empurra-empurra', tensão e batidas corporais. Falo da ausência de cautela a algo que deveria ser mais sério, considerado e pesado por ambos os lados.

Meu desejo, como pelotense e representante da imprensa cultural é que possamos parar e refletir sobre a história representativa na cidade. A cultura hip hop não deve servir para o enobrecimento pessoal, mercadológico e hipócrita daqueles que se dizem ‘representantes’ de um movimento que nasceu com a motivação de agregar e transformar a realidade.

Para encerrar, esperando um 2012 mais maduro para o movimento cultural, ainda que reconhecendo seu esforço, fico com as palavras de Gagui: “Ou a gente devolve o hip hop pro povo, ou o povo vai abrir mão de lutar pela causa.”

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Kill what's inside of you.

.
Clapton para curtir e Hendrix para excitar a vida.



De cara a la pared

.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Tudo é teatro

Ótimo para ficar 'oprimido' nessa sexta-feira sem cara de dezembro...

Augusto Boal inspira.



Que cada um diga o que fez, a que veio e por que ficou.
E que cada um tenha a coragem de, não sabendo por que permanece, retirar-se.

Pusilânimo

.
Luz esmorecida diante de tudo
Somos nós, de novo, cego e mudo
O castigo que traz brado de alívios
Somos nós, como nunca, em homicídios.

Reviveremos pois, um dia,
ineditamente, um a um e para o outro
Se acaso me enxergares diante de luz
Como tua, em teu corpo
Resplandecendo marcas de ânimo
Devagarinho
Limpando cada pranto.

É assim que te vejo
E é assim que me entrego
Por trás da luz que desaparece aos poucos
Tua presença ainda corta meus medos tolos
Estaca o sangue, inunda a alma
Acalma

E jorra em mim teus pedaços
Antepassados e presentes.
Somos nós, e eu sozinha
Em sonhos quentes.

Ousada, te lanço manifestos, te coloco em uma cruz
Teus laços tão vivos: teu peito quem conduz
E assim, como quem morre,
desligo o abajur, visto o capuz
E me apago, violentamente,
conforme essa luz.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Eu existo aqui

.
E nela serei pra sempre o nome de cada pedra
E as luzes perdidas na neblina.
Quem viver verá que estou ali.
[Ramil]