Algumas horas me afastam de mais uma etapa da minha vida. Ou a continuação de tudo o que tenho vivido. São cinco e vinte da manhã. Daqui a pouco, me desloco à minha Universidade para assinar meus últimos meses de pós-graduação em Sociologia e Política. Mais uma pesquisa ou a primeira – realmente – de uma vida. Ta aí algo que mais uma vez faz parte de um futuro-presente que acaba de bater na minha porta. Mais uma escolha, diante de um leque de vontades e anseios. Mais uma dúvida e uma certeza.
As noites regadas a café pela minha paixão por escrever a noite, a correria do dia-a-dia cruzando a cidade, buscando palavras e significados nos livros e tentando sugar um pouco dessa tão inesgotável caixinha de curiosidades e surpresas, que é a humanidade. Tudo isso e tantas coisas paralelas me fazem sentir mais viva, se posso dizer assim.
Não sei o motivo concreto, mas a cada dia tenho me sentido mais inquieta comigo mesma, mais cansada com a “normalidade dos fatos” e até mesmo desacreditada das pessoas. E é um processo que me causa estranhamento porque não é preciso me conhecer muito para saber o quanto sou entusiasmada com o que abraço e com o que vivo. Sou ingênua com minha confiança frenética e equivocada naquilo que percebo. E devo dizer, que, através do atual contexto de vida, tenho - de fato - encontrado paz muito mais no que leio, no que oro, no que ouço no meu íntimo, nas melodias que sinto. Aprendi que meus verdadeiros companheiros são também os livros. Meu humanismo tem sido também os sons que me acalmam, expressos em letras que me trazem profundidade.
Mas tenho andado inquieta.
Já são muitas vivências, poucas experiências e alguns choques. A indiferença, a falta de justiça e até mesmo a incompreensão humana tem me feito fingir uma paciência que eu não sei se já tive, mas tenho buscado ter. São nessas horas que lembro da poesia de Lenine dizendo que nossa inquietude nos faz ver que “a gente espera do mundo e o mundo espera de nós”. E a paciência está lá, como busca de refrigério desse violento mundo estranho.
É mais um ano que acaba de começar para mim. Oficialmente agora. Já se foi o carnaval. A quarta-feira de cinzas. As férias grandes de dezembro/janeiro/fevereiro. O verão. Hoje senti frio. O vento bateu no meu rosto quando voltava de mais um dia de trabalho. É o clima também me avisando que o tempo vem ou vai com o vento. Eu não sei. Mas o sol brilha, é verdade, só que nem sempre está tão forte. Aos poucos, a vida vai nos trazendo para o seu momento. Já experimentou caminhar pelas ruas e perceber as pessoas a sua volta? As calçadas com os pés correndo de um lado para outro. Estamos caminhando juntamente com esses desconhecidos e amontoados pares de pés que carregam historias diferentes e buscas. No final, o ponto em comum se resume na busca.
A partir de agora, eu terei que ter mais horários. E eu não gosto deles. Talvez eu vou precisar sair ainda menos nas sextas a noite e viajar mais, por causa da pesquisa. Eu não sei o que me espera nos próximos dias porque a rotina também é algo que me cansa. Mas as vontades que eu tenho dentro de mim piscam como bomba prestes a explodir. Não sei se é a carência e a vontade de viver uma paixão, daquelas arrebatadoras que te fazem sentir desejado, pelo simples fato de seres tu mesmo. Sabe aquela coisa meio necessária de vez em quando para dar um up! e te mostrar que estás vivo e que existem estrelas no céu também para serem contempladas? E cada detalhezinho expressa um frio gostoso na barriga. O bendito “medo alegre” que aprendi com Lispector.
Não sei se é a incerteza do futuro que não me dá previa, mas que espera notícias e decisões unicamente minhas e do meu caminhar. Eu não sei se é até mesmo a idade – e veja, 23 é ainda menos da metade de um cinqüentenário. Olho meu pai, acima dos 50, mais vivo do que eu. Me constranjo. Ainda há tanta água para rolar. Tanta lágrima a aparecer. Tanto frenesi para sentir. Tanta viagem e tanto encontro. Tanta cena, tantas pessoas, tanta música latejando no ouvido. Tanta descoberta, tanta palavra, tanta emoção.
Segunda-feira volto para a escola, onde me encontro com crianças e adolescentes com diferentes histórias, curiosos rostos e surpreendentes corações. Vou lá, na escola que passei uma das melhores fases da minha vida: a infância; e vou conhecer um pouco mais do mundo em que vivo. Ou do mundo que está ao lado do meu. Eu não sei, mas não acho que as coisas andam separadas. O bom e o ruim, o novo e o velho, o preto e o branco estão todos no mesmo habitat. Quero aprender com aqueles alunos um pouco da vida. Talvez voltar a acreditar um pouco mais nas pessoas, assim como eles acreditam e esperam de mim, a cada nova segunda-feira.
Não sei se devo esperar.
Mas sei que toda essa busca por renovação, transformação ou apenas continuação da minha vida me faz querer apenas ainda mais... encontrar a mim mesma.
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As noites regadas a café pela minha paixão por escrever a noite, a correria do dia-a-dia cruzando a cidade, buscando palavras e significados nos livros e tentando sugar um pouco dessa tão inesgotável caixinha de curiosidades e surpresas, que é a humanidade. Tudo isso e tantas coisas paralelas me fazem sentir mais viva, se posso dizer assim.
Não sei o motivo concreto, mas a cada dia tenho me sentido mais inquieta comigo mesma, mais cansada com a “normalidade dos fatos” e até mesmo desacreditada das pessoas. E é um processo que me causa estranhamento porque não é preciso me conhecer muito para saber o quanto sou entusiasmada com o que abraço e com o que vivo. Sou ingênua com minha confiança frenética e equivocada naquilo que percebo. E devo dizer, que, através do atual contexto de vida, tenho - de fato - encontrado paz muito mais no que leio, no que oro, no que ouço no meu íntimo, nas melodias que sinto. Aprendi que meus verdadeiros companheiros são também os livros. Meu humanismo tem sido também os sons que me acalmam, expressos em letras que me trazem profundidade.
Mas tenho andado inquieta.
Já são muitas vivências, poucas experiências e alguns choques. A indiferença, a falta de justiça e até mesmo a incompreensão humana tem me feito fingir uma paciência que eu não sei se já tive, mas tenho buscado ter. São nessas horas que lembro da poesia de Lenine dizendo que nossa inquietude nos faz ver que “a gente espera do mundo e o mundo espera de nós”. E a paciência está lá, como busca de refrigério desse violento mundo estranho.
É mais um ano que acaba de começar para mim. Oficialmente agora. Já se foi o carnaval. A quarta-feira de cinzas. As férias grandes de dezembro/janeiro/fevereiro. O verão. Hoje senti frio. O vento bateu no meu rosto quando voltava de mais um dia de trabalho. É o clima também me avisando que o tempo vem ou vai com o vento. Eu não sei. Mas o sol brilha, é verdade, só que nem sempre está tão forte. Aos poucos, a vida vai nos trazendo para o seu momento. Já experimentou caminhar pelas ruas e perceber as pessoas a sua volta? As calçadas com os pés correndo de um lado para outro. Estamos caminhando juntamente com esses desconhecidos e amontoados pares de pés que carregam historias diferentes e buscas. No final, o ponto em comum se resume na busca.
A partir de agora, eu terei que ter mais horários. E eu não gosto deles. Talvez eu vou precisar sair ainda menos nas sextas a noite e viajar mais, por causa da pesquisa. Eu não sei o que me espera nos próximos dias porque a rotina também é algo que me cansa. Mas as vontades que eu tenho dentro de mim piscam como bomba prestes a explodir. Não sei se é a carência e a vontade de viver uma paixão, daquelas arrebatadoras que te fazem sentir desejado, pelo simples fato de seres tu mesmo. Sabe aquela coisa meio necessária de vez em quando para dar um up! e te mostrar que estás vivo e que existem estrelas no céu também para serem contempladas? E cada detalhezinho expressa um frio gostoso na barriga. O bendito “medo alegre” que aprendi com Lispector.
Não sei se é a incerteza do futuro que não me dá previa, mas que espera notícias e decisões unicamente minhas e do meu caminhar. Eu não sei se é até mesmo a idade – e veja, 23 é ainda menos da metade de um cinqüentenário. Olho meu pai, acima dos 50, mais vivo do que eu. Me constranjo. Ainda há tanta água para rolar. Tanta lágrima a aparecer. Tanto frenesi para sentir. Tanta viagem e tanto encontro. Tanta cena, tantas pessoas, tanta música latejando no ouvido. Tanta descoberta, tanta palavra, tanta emoção.
Segunda-feira volto para a escola, onde me encontro com crianças e adolescentes com diferentes histórias, curiosos rostos e surpreendentes corações. Vou lá, na escola que passei uma das melhores fases da minha vida: a infância; e vou conhecer um pouco mais do mundo em que vivo. Ou do mundo que está ao lado do meu. Eu não sei, mas não acho que as coisas andam separadas. O bom e o ruim, o novo e o velho, o preto e o branco estão todos no mesmo habitat. Quero aprender com aqueles alunos um pouco da vida. Talvez voltar a acreditar um pouco mais nas pessoas, assim como eles acreditam e esperam de mim, a cada nova segunda-feira.
Não sei se devo esperar.
Mas sei que toda essa busca por renovação, transformação ou apenas continuação da minha vida me faz querer apenas ainda mais... encontrar a mim mesma.
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