sábado, 12 de fevereiro de 2011

Estamira, a interpretação da ‘loucura'



“Não existem inocentes. Mas espertos ao contrário”.
- Estamira.

Com direção e roteiro de Marcos Prado, o documentário brasileiro, produzido em 2006, conta a história de uma mulher de 63 anos, que possui distúrbios mentais e trabalha há mais de vinte anos no aterro sanitário do Jardim Gramacho, um local renegado pela sociedade, que recebe diariamente mais de oito mil toneladas de lixo, produzido no Rio de Janeiro.




O lixão é a representação irônica e trágica da própria condição do homem. Para um olhar raso, é meramente uma imagem de contexto social de pobreza, mas para o diretor e roteirista Marcos Prado, é o lugar onde talvez se encontre a sua própria essência. A idéia de sobrevivência de Estamira nos lembra do quanto nos apegamos ao desnecessário, e como a sensação de prazer trazida por este, nos tornou quase escravos do imediato. É a paixão pela imagem já dita antes, que nos torna um bando de desconhecidos buscando impressões sedutoras e fantásticas. Será preciso perdermos tudo (materialmente falando) para poder nos encontrarmos?

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É o sol que se mistura com o fogo, com o grão, com o lixo, resto e descuido. É um filme pintado pela natureza, no caso, a humana. É uma arte do descartado, e os outros trabalhadores do lixão fazem parte desse cenário ativo e invasor, que preferimos esquecer.


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