Conheci Junior Secco há alguns anos atrás em Sapiranga, no Rio Grande do Sul. Os planos e os sonhos, o levaram para o Canada, onde conheceu Lois e casou. Com voltas para o Brasil em 2008, eles – viajantes, - estão agora morando no País de Gales.
Secco e Lois vivem uma vida bonita. Eles vivem de arte. Lois pinta quadros e confecciona jóias. Secco faz sessões e workshops de bateria para músicos e estudantes do instrumento. Lois também toca piano. E os dois amam amar.
[ Fotos: Eles e obras de Lois ]
“Tentamos dedicar a maior parte do nosso tempo em sermos criativos, mesmo com o mínimo que seja. No decorar da nossa casa, ou sendo músico de rua. Sempre tentamos nos envolver na sociedade em que vivemos e ter um relacionamento com ela, fazendo música e arte com amigos. E o mais importante: tentamos amar as pessoas por quem elas são”,
ele me disse.
Eles gravam vídeos também. Muito bem feitos. E eles me trazem uma sensação boa. Que eu não sei explicar.
De onde vem o jeito tão sem defeito Que esse rapaz consegue fingir? Olha esse sorriso tão indeciso Tá se exibindo pra solidão Não vão embora daqui Eu sou o que vocês são Não solta da minha mão Não solta da minha mão.
Eu não vou mudar, não Eu vou ficar são Mesmo se for só Não vou ceder Deus vai dar aval sim O mal vai ter fim E no final assim calado Eu sei que vou ser coroado Rei de mim.
Composição: Marcelo Camelo Interpretado por Rubi, em 2006.
A experimentação e a busca pela música essencialmente brasileira, universal, mestiça, como a gente desse lugar
No Dia da Consciência Negra, minha cidade recebeu a banda Bataclã FC para se apresentar em um show a céu aberto, na Duque de Caxias.
Após a apresentação de outras bandas e ainda com problemas no som e na organização do evento, Bataclã trouxe, através de sua música e suas mensagens, reflexões pertinentes acerca do contexto do negro no Brasil.
O show contou com a parceria da banda com os músicos de Pelotas: Kako Xavier, Alemão e Davi Batuka. A organização do evento foi do SESC juntamente com a Prefeitura.
Destaque para o grande músico uruguaio Sebastian Jantos, que fez participação especial, além de ter se apresentado com um belo show na noite de sexta, em Pelotas. Em breve, falarei sobre ele.
Espero ainda nessa semana, upar o áudio da entrevista com a banda, Sebastian e com o professor Mario Maia num especial ‘Consciencia Negra’ no programa Navegando Rádiocom.
No video: Bataclã, no Teatro Túlio Piva, em Porto Alegre/RS
“Encontrei minhas origens Na cor de minha pele Nos lanhos de minha alma Em mim Em minha gente escura Em meus heróis altivos Encontrei Encontrei-as enfim Me encontrei.”
Oliveira Silveira, o "negro de alma negra", tornou-se um dos mais influentes ativistas do movimento negro da história brasileira. Foi um dos criadores do Grupo Palmares, de Porto Alegre e estudou a data de 20 de Novembro, lançada e implantada no Brasil pelo Grupo , a contar de 1971, tornando-se Dia Nacional da Consciência Negra em 1978, denominação proposta pelo Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial.
Teve constante atuação por meio da militância política e da produção literária negra. Fundou o grupo Semba, a Associação Negra de Cultura e integrou o corpo editorial da revista Tição ( no final dos anos 70). Com presença marcante, participou da produção cultural gaúcha, compôs rodas de intelectuais e formadores de opinião. O pesquisador também escreveu uma dezena de livros e inúmeros poemas acerca da vida dos negros no Rio Grande do Sul e sobre a questão negra de forma geral. Morreu aos 67 anos, em 1º de janeiro de 2009 deixando um legado de luta, identidade e esperança para o movimento negro brasileiro.
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"Considero a luta por justiça social e pela dignidade dos povos como parte integral da luta por nações mais justas e seguras, por uma comunidade internacional mais justa e coesa, e por um futuro de vida humana capaz de sustentar com dignidade nossa população, nossos ambientes e nosso planeta."
Abdias Nascimento, ao longo de seus 96 anos, esteve presente e participou de inúmeras passagens importantes das lutas negras do século 20, não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos e na África. Sua vida é ela mesma, a própria história da luta negra.
Na entrevista a seguir [publicada pelo Brasil de Fato] respondida por e-mail por sua esposa, Elisa, e subscrita por ele, Abdias dá um recado à nova geração de jovens negros militantes: “O conselho que dou para essa juventude é estudar, aprender, conhecer e se preparar para, então, se engajar: agir, criar, interagir e participar da construção das coisas.”
O senhor esteve no exílio, de 1968 a 1981, por conta da enorme repercussão que teve a sua “carta-declaraçãomanifesto” na qual denunciava a farsa do paraíso racial que se dizia viver na América Latina. Como o senhor avalia a questão da “democracia racial” no Brasil de hoje? Onde é possível dizer que a crítica a ela colheu frutos? O racismo no Brasil se caracteriza pela covardia. Ele não se assume e, por isso, não tem culpa nem autocrítica. Costumam descrevê-lo como sutil, mas isto é um equívoco. Ele não é nada sutil, pelo contrário, para quem não quer se iludir, ele fica escancarado ao olhar mais casual e superficial. O olhar aprofundado só confirma a primeira impressão: os negros estão mesmo nos patamares inferiores, ocupam a base da pirâmide social e lá sofrem discriminação e rebaixamento de sua autoestima em razão da cor. No topo da riqueza, eles são rechaçados com uma violência que faz doer. Quando não discrimina o negro, a elite dominante o festeja com um paternalismo hipócrita ao passo que apropria e ganha lucros sobre suas criações culturais sem respeitar ou remunerar com dignidade a sua produção. Os estudos aprofundados dos órgãos oficiais e acadêmicos de pesquisa demonstram desigualdades raciais persistentes que acompanham o desenvolvimento econômico ao longo do século 20 e início do 21 com uma fidelidade incrível: à medida que cresce a renda, a educação, o acesso aos bens de consumo, enfim, à medida que aumentam os benefícios econômicos da sociedade em desenvolvimento, a desigualdade racial continua firme.
“Todos os seres humanos são atores - porque atuam - e espectadores - porque observam.”
Ele dizia isso. E estava certo. Augusto Boal, foi e sempre será um grande nome expressivo para a história do teatro e da dramaturgia. Nascido no Rio de Janeiro, em 1931, sua vivência até o ano de 2009 rendeu-lhe, dentre trabalhos marcantes, a fundação do Teatro do Oprimido, que vai além de qualquer conjuntura limitada de uma técnica teatral, pois carrega em sua essência, marcas e ações sociais, dialogando com a discussão essencialmente humana, cultural e política.
Suas obras foram simples, grandiosas, educativas e libertadoras. Causam sentimentos e impactos que perduram até hoje em pessoas ao redor do mundo, influenciadas por sua sensibilidade.
Com produção de Lia Flores e Luciana Clark, o Programa Encontro Marcado com a Arte, retrata parte de suas perplexidades, seus desejos, seus pensamentos e sua história.
O ódio é também uma maneira de se estar com alguém.
Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais no cadastro.
Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo.
O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.
Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração.
A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.
O amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.
Fredo é um prodígio das artes. Com apenas 17 anos, o jovem chileno parece querer iludir quanto a sua idade, visto que desenha como gente grande. Seus trabalhos, aliás, não param por aí quando o assunto é ilusão.
Suas obras desafiam as leis bidimensionais do papel e parecem ganhar vida própria, muitas vezes interagindo com objetos reais a sua volta. Quando a foto é tirada do ângulo certo, fica difícil diferenciar o que é real e o que é desenho.
Resulta diversos estudos dos últimos 5 anos, realizados pela BOX1824 , empresa criada pelos publicitários gaúchos Rony Rodrigues e João Paulo Cavalcanti. Especializada em tendências de comportamento e consumo, a pesquisa atenta uma nova etapa das últimas gerações.
A geração 2.0., aceleradamente mais ansiosa, mas passiva. Espontânea, mas com medo. Livre, mas insegura. Sonhadora, mas com desconhecimento de seus heróis.
Entretanto, mais do que nunca, para entender o mundo, é preciso entender esses jovens, que são os catalisadores das grandes mudanças. E, sem dúvidas, agentes e sujeitos de uma das épocas mais pluralizadas da história humana.
Entender a evolução do mundo é uma busca que pode nos manter jovens para sempre.
Roteiro e direção: Lena Maciel, Lucas Liedke e Rony Rodrigues.
Ainda não nos encontramos, Pedro. Mas hoje, acordei mais feliz por saber que foi o dia da tua chegada. E sorri ao ver teu rostinho. Ao te ver nos braços dos teus pais.
Daqui uns anos, minhas cartas serão lidas. E eu irei te lembrar do que estou sentindo.
Juninho Afram é, sem dúvida alguma, um dos guitarristas mais autênticos que eu pude conhecer. Não apenas por ser considerado por tantas vezes o melhor do Brasil e um dos melhores do mundo, mas por toda sua representação. Ouço desde criança (criança mesmo) pela influência que a Oficina G3 sempre me causou. Assisti ao vivo a banda umas cinco vezes. E é sempre uma grande boa surpresa. As fases, o amadurecimento, a firmeza, a sonoridade, a luz e principalmente a ousadia no “experimentar” em cada trabalho novo.
Tudo isso me faz relembrar algo que, para mim, significa bastante: a primeira entrevista que fiz na vida foi com a banda. Aquelas tentativas que dão muito certo e que a gente jamais se arrepende. Primeiro mês de faculdade. Pelotas. Março de 2006. A simplicidade de cada um. A sintonia de ideias. A livre segurança que me passaram. A diversidade de cada integrante. E uma "palhinha" no meio da conversa para trazer pra sempre comigo, o som frenético da Tagima do Juninho.
[Assim que eu conseguir resgatar o material e passar para mp3, postarei aqui a entrevista, na íntegra. Por enquanto, vai um solo clássico - do dvd O Tempo- que retrata um pouco o porquê do meu respeito]:
A maioria do meu país optou pela continuação de um governo – pesem as falhas – mas que entre os anos de 2003 e 2008, somou 21 milhões de brasileiros que deixaram a miséria e outros 32 milhões que ascenderam à classe média.
Meu país reconheceu o cuidado mais humano que essa terra vivenciou nos últimos anos e resolveu que é preferível continuar aumentando o sistema educacional público, onde, muitos jovens tiveram a oportunidade de cursar uma universidade particular. Eu sou fruto dessa geração.
E sim, reconheço muitas contradições nas políticas dos últimos tempos. Eu, como declaradora da esquerda, dos movimentos populares sociais e da luta contra a “dominação hegemônica” , sei do quanto ainda precisamos avançar. Não só em índices. Mas em qualidades. Conceitos. Afirmações. Lugares de falas. Reconhecimentos. Prioridades. Humanismos. E principalmente construções sociais.
Torço para que o meu país diverso, bonito e guerreiro, o meu Brasil que, nas palavras de Chico Buarque, “não mais falou fino com Washington, nem grosso com a Bolívia”, continue sendo reconhecido no exterior como terra de pessoas simples, mas orgulhosas de uma realidade já diferente de décadas atrás. E que, acima de tudo, seja reconhecido pela sua própria gente, como um País forte, que não perdeu a esperança. E que precisa voar.
Impossível não destacar “Novo tempo”. Canção que me enche de força. E própria para o momento.
Composição: Ivan Lins / Vitor Martins
No novo tempo, apesar dos castigos Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer. No novo tempo, apesar dos perigos Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver.
Pra que nossa esperança seja mais que a vingança Seja sempre um caminho que se deixa de herança No novo tempo, apesar dos castigos De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer.
No novo tempo, apesar dos perigos De todos os pecados, de todos enganos, estamos marcados Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver No novo tempo, apesar dos castigos Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer.
Espaço dedicado ao compartilhamento de arte, debates, ideias e manifestações humanas.
Que a sensibilidade nos mostre a morte que temos feito de nós, humanos que somos, caçadores de esconderijos.
Que a sensibilidade nos aproxime, do nosso próprio ser, antes de mais nada.
... eu imaginei quando por trás de mim o mundo acontecia. Tão perto. Íntimo. E frio como gelo que não derrete.
As folhas estavam agitadas pelo frio seco e ensinavam um novo caminho distraído, mas inquieto. Quis voltar e partir para o inverso daquilo que planejei. Mas os planos já estavam feitos. Segui pela sonoridade que o coração insistia em lembrar. Lembrei do mundo real. Sangrento, solitário, barulhento e indiferente.
Pai, até quando vamos continuar nos enganando? As cenas estão distantes. Estragamos tudo. Deixamos para depois o que deveríamos ter vencido inicialmente. Perdemos por nossa causa. Intercalamos as atividades, jogamos para o mar a sensibilidade do nosso corpo, do nosso ser... E continuamos buscando nos encontrar. No vão da nossa alma.