As invencionices mirabolantes no plano moral e no plano religioso indicam a pobreza da ausência de partidos fortes, ideologias nítidas e programas claros e objetivos para o julgamento dos eleitores, que é o que, no fundo, interessa para uma boa gestão da coisa pública, para a afirmação da cidadania e para a promoção do bem-comum.
O mais lastimável foi ver o papelão de muitos evangélicos envolvidos nessas demonstrações de subdesenvolvimento político. As igrejas históricas, retraídas, já foram, no passado recente, submetidas a uma “amnésia compulsória” quanto ao pensamento e a ação desenvolvida no passado em nosso País, com exemplos notáveis de uma minoria discriminada com uma presença significativa.
Muitas dessas igrejas sofreram influência nas últimas décadas do fundamentalismo e a importação da polarização norte-americana. Os pentecostais saíram do gueto e da aversão à política para uma presença desordenada e pragmática, sem uma reflexão teológica adequada, e ainda obstaculados por sua escatologia pessimista, não conseguindo superar o corporativismo clientelista, apanágio generalizado de seus concorrentes neo(pseudo)pentecostais.
Com uma cultura política limitada, muitos evangélicos, de diversas denominações, foram presas fáceis e massa de manobra para políticos espertalhões (e líderes religiosos comprometidos com essa experteza). O resultado, em termos do que circulou, principalmente pela internet, foi vergonhoso. Uma coisa é certa: a comunidade evangélica se apequenou nesse pleito e saiu arranhada em sua imagem e credibilidade.
É hora de saco e cinza, de autocrítica, de arrependimento, de iluminação do pensamento pelo Espírito da Verdade, para que, nas futuras eleições, nosso quantitativo se relacione com o qualitativo, e possamos dar um testemunho maduro, que concorra para o bem da Pátria. E que essas “guerras (nada) santas” sejam apenas uma lamentável página do passado a ser esquecida.
[Por Robinson Cavalcanti, publicado originalmente no PavaBlog]
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Como qualquer pessoa, tenho minhas razões e minha visão a respeito da realidade em que a igreja se encontra. Não posso - e não vou conviver com quaisquer verdades que sejam estranhas a minha consciência. Escolho lutar contra toda e qualquer alienação para que meu coração não se atrofie. Está doendo.
Estou cansada como cidadã e como representante de um estilo de vida firmado em um cristianismo libertador - totalmente oposto ao que lamentavelmente encontro no discurso e no declínio do entendimento, os quais deveriam expressar e viver transformações dignas de um progresso. Engana-se muito quem pensa no cristianismo como religião. Estou falando de plenitude. De algo totalmente diferente aos dogmas escravistas.
Acontece que tudo se inverteu. Ao menos, em sua grande maioria. O que é uma intensa pena. Mas ainda há chance para aqueles que se posicionam contra o sistema fundado no corporativismo capitalista, tão distante do interior restaurado, limpo e reformista. Tão longe e antagônico ao distanciamento necessário à religiosidade. Impregnada. E crucial.
Minha firmeza está na revolução do amor. Aquela que desafia meu ser a "não buscar apenas os meus interesses, não folgar com a injustiça, mas sim com a verdade"; a não ser apenas como "o metal que soa ou como o sino que tine" e a não me "conformar com este mundo, mas me transformar pela renovação do meu entendimento". Todos os dias. Incansavelmente.
Já está na hora do conservadorismo abrir as comportas para a luz do conhecimento e, se pensar em voltar os seus olhos para a política, que reveja conceitos (se é que eles realmente existem) e lembre de pessoas e influências do mesmo (?) - deveria ser - meio que não envergonharam a sociedade, mas buscaram a paz, acima de tudo. Legado que todo o cidadão deveria ter.
Martin Luther King buscou. Além de se tornar a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz em 1964, levantou-se contra a violência e a desigualdade racial durante grande parte de sua história. De tantos exemplos desinteressantes e dominantes que o Brasil copia dos Estados Unidos - e agora quero me referir ao movimento evangélico, tão influenciado pelas coisas "de fora", vale lembrar e se atentar para King, que não somente se diferenciou dessa onda escandalizadora, como conviveu com os mais diversos povos, tendo a bandeira do "amor" em seus discursos e ações. Ele se destacou por sonhar com um mundo melhor e mais questionador.
Buscou um mundo que fosse protestante no verdadeiro, melhor e despreconceituoso sentido da palavra.
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