segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Castras

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beijo, medo, ingratidão, peso, flor
fuga, elo, eros, agressão, minha dor
força, pele, plano, silêncio
a tua marca é um incêndio

despedida, enlaço, frenético, cordão
azul, saudade, o verbo e o chão

calma, pisa, rediz, amassa o passado
meu coração, um órgão despedaçado

não vens, não dizes, não és
não julgas, não fazes, não morres,
em ti um poço de mares
de tudo, do mais e mais nada de mim

tão tua que me deixei
tão o resto todo e além
tão nada, tão verbo sem sentido
tão sentido aqui dentro
tão jorrado em meu peito
tão laço sem síncope
tão beijo sem boca

tão boca sem palavra.

2 comentários:

Alvaro disse...

tens crescido muito na escrita, querida. Carinho e admiração!

Ediane Oliveira disse...

Obrigada, Álvaro. Essas palavras nasceram a tarde e a noite já ganharam música. Tornou-se composição minha e da Janete agora. Irá para o próximo disco: "Flor de Lótus". Ela reformou, mudou alguma coisa, mas a essência continua:

Da solidão da terra

Calma, pisa, diz[amassa] o (verbo)
meu coração, despedaçado órgão de pulsação
beijo, medo,peso, flor, ingratidão
fuga, elo, eros, dor na minha dor...
força, pele, plano, silêncio...
marca aquela ação que incendiou
na despedida enlaça o laço, num frenético cordão
azul, saudade, verbo ... ato ...ponte e chão

vens, não sei quem és, mas sei quem sou...
em ti um poço de mares
de tudo, do mais
e mais nada de mim
(nem das marés)
nem das mais puras
nem das viúvas
nem das canções
nem dos porões
nem das manhãs... nuas!

tão tua que me deixei
no resto todo e além
tão nada, tão sem sentido
sentido dentro de mim
jorrado peito berrando alucinado
tão laço (frouxo) descompassado

tão beijo sem boca
tão boca (tão línguas) tão sem palavras.
Tão sem estimas...
Nos ternos ... gravatas ...xadrez solidão...
tão nada … tão oco...
tão sim senhor...
tão pouco céu
pra tanto chão

tão presa fêmea em tantos véus
tão pouca luz pra tanto céu...
tão nua sem sequer despir
castrada vai se traduzir
na solidão que a chuva chora
pela terra.