(...) Buscarei o convívio dos pequenos grupos, priorizarei fazer minhas refeições com os amigos mais queridos. Meu refúgio será ao lado de pessoas simples, pois quero aprender a valorizar os momentos despretensiosos da vida. Lerei mais poesia para entender a alma humana, mais romances para continuar sonhando e muita boa música para tornar a vida mais bonita. Desejo meditar outras vezes diante do pôr-do-sol para, em silêncio, e agradecer a Deus por sua fidelidade.
(GONDIN, Ricardo)
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Eu quero mais simplicidade, mais música e mais sanidade. Quero mais alma, viver por amor e ter menos dor. Quero me cansar de alegria, chorar de emoção e não viver a vida em vão. Eu quero correr pra chegar, voar mais alto e bem cedo voltar. Quisera eu estar num lugar desconhecido, cheio de flores, jardim a mim nem tão merecido. Eu sei que eu não sei do tempo, ele não pertence a mim, eu não sei quando terá fim. Eu só quero mais paz, num mundo que não volta atrás e ao ódio não se desfaz. Eu vou viver meus dias menos tensos, com sonhos muito mais densos, aprendendo que apenas o amor maior me satisfaz.
Conhecida como uma ONG sem fins lucrativos, Anjos e Querubins tem representado uma arte diferente, criativa e guerreira
Quando o dom artístico e a vontade de fazer música são maiores do que a necessidade e a falta de instrumento, o som pode sair de qualquer lugar. Balde, lata, tampa de panela industrial, garrafa de vidro ou pet, copos e vidros são alguns dos “objetos musicais” usados de forma criativa pelo grupo de 27 crianças e jovens da ONG Anjos e Querubins.
A idéia inicial de um grupo de teatro se expandiu e vem crescendo ainda mais. Do teatro à dança e da dança à música. Bem Hur Flores, o coordenador do projeto diz que o trabalho com cunho social, deve também ser visto como um grande esforço artístico. “São crianças da comunidade com técnicas de mesma exigência de grupos mais reconhecidos”.
A precisão deu margem à originalidade. Os sons envolventes e fortes das caixinhas improvisadas, dos chocalhos feitos pelas jovens mãos talentosas, soam com a mesma intensidade da união entre o grupo. “Somos como uma família”, diz Marcelo dos Anjos de 17 anos. Integrante do grupo desde a fundação em 2003, o responsável pelo som do “jamelão” conta que, mesmo com as grandes dificuldades financeiras que o grupo passa, a união e a paixão pela arte causam motivação e esperança de crescimento da ONG. Ao mesmo tempo em que conta sua história, a pequena Emily de 5 anos mostra os livros doados que formam a pequena biblioteca do projeto. No pátio, alguns jogam vôlei para mais tarde ensaiar. Ensaios que rendem aplausos e emoções em cada apresentação. Os pequenos anjos e os talentosos querubins já viajaram para algumas cidades do estado e estarão indo pela segunda vez ao Rio de Janeiro, em outubro.
[Matéria publicada no jornal 'O Pescador' do mês de outubro.]
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
todos os dias quase a mesma rotina. eu queria aprender mais com o valor do ouro de mina, decifrar segredos, voar mais alto, afogar meus desejos de menina; esse mundo é injusto e diferente, não nasci para ser repentina. hey você, mande-me para longe, leve-me a qualquer lugar, está todo mundo louco, aqui eu não quero mais ficar. eu vivo num mundo paralelo, eu não sou daqui, tudo o que preciso é um 'manual' de como sobreviver àquilo que me faz cair. encha-me de sonhos, embora eu já os tenha, diga-me aquilo que eu sempre quis ter como senha; senha para entrar na fila daqueles que esperam, eu sempre esperei e já chegou a minha vez, eu não vou me atrasar pro trem; trem da vida, trem da ausência da dor. me diga o que será desse mundo, se não for o amor?
Pudera conseguir explicar a mistura dos sentimentos. Mas não conseguia. E aquela música mergulhava em seu coração ao ponto de haver borboletas voando e dançando no seu íntimo, como se fossem bailarinas em um espetáculo. O palco era seu coração. A solidão sempre a acompanhou, embora tanta gente estivesse ao seu redor. As pessoas diziam que era importante alguém no seu caminho. Claro. Sempre é bom ter alguém que lhe faça bem e seja o 'seu par', mas isso eu conto depois. Importa no momento e sempre é o seu almejo em continuar sonhando. O simples sonhar já era uma ambição. Costumava a dizer que quem não tivesse sonhos, não precisava viver.
Ela andava pelas ruas enxergando poesia em tudo. Do andar clássico na chuva nos dias cinzas e inspiradores às experiências loucas e rotineiras dos seus trabalhos engraçados. Ela era ingênua para alguns, uma mentirosa para si mesma. Me permita a palavra, mas muitas vezes queria se enganar. Eu não vejo outro sinônimo para enganação, além da mentira. Procurando respostas nos acasos, mas nunca acreditando neles. Apostando nos jogos que perdia... escrevendo. Ela queria voltar, mas nem sabia onde estava. Ligações e mensagens. Publicações de segredos que agora eram 'notícias' desncessárias de alguém perdido, restos de lembranças, um tiro no escuro. Nunca entendeu o porquê de tanto sentimento confuso e não demonstrado. A negação ao momento bom, os pedidos de atenção. A busca pela compreensão e pela resposta nunca vinda. Renovo o dizer: já nem sei como expressar aqui tantos sentimentos. Caminhos distantes e tão próximos. Ela queria se aproximar, mas temia. Acredite, o que mais questionava no momento, era a própria questão. Se tudo não passou de desejos e sonhos... Por que tanta atenção? Se tudo não passou de ilusão, por que tanto sorriso e frases expostas num olhar que brilhava em sua doce presença?
Nada mais importa agora. Tudo passou, mas as marcas ainda permanecem vivas. O futuro vem. Vem cheirando terra molhada e clareza. Tudo parecia tão distante, mas agora está próximo. Aquilo que antes era dúvida, hoje resta como certeza inesperada, frustrante e seca.
A palavra lançada, o pensamento encontrado no passado. Estava parado. Entenda como quiser, ela já não sabia sentir. Não mais importava tanto quão interessante seria o amanhã. Tudo parou naquela noite. O silêncio, os olhares, a intenção, a falta do dizer, o cheiro, a insatisfação satisfeita, o relógio. Desde muito, isso acontecera. Os momentos pareciam se entrelaçar mais intensamente, as palavras se apagavam nos momentos propícios e a ausência dos barulhos dialogais nem sempre foi tão agradável. Ela queria falar, precisava. Hesitou. O olhar. Lá no fundo, quase sempre foi assim. Ficava impotente a qualquer reação racional. E aquilo que sempre enxergou além, era o que mais seu coração precisava ver naquele momento. Uma espécie de engano, atroição. Como poderia? Talvez no mais íntimo de seu instinto, lá se encontravam todas as respostas que só foi enfrentar depois de algum tempo. A indiferença, os suspiros, cobertores para um filme. Cartas e presentes esquecidos. Onde tudo foi parar? Certamente se pudesse voltar atrás, iria buscar entender aqueles momentos em que a razão desaparecera. Mas ainda assim, naqueles instantes, ela racionava. Sabia que iria se arrepender, ou pelo menos sabia que nem tudo seria um 'mar de rosas'. Acabou aquilo que nem começou. Seria ilusão? Ela já não sabe. Apenas os resquícios de uma história, instigante. Para ele... o que foi? Já era de se esperar. Sempre disseram. Ela renasce com soul, blues, essas coisas fortes e livres. Ele diz ouvir de tudo - se é por ouvir, ela também -, mas o que o faz ficar com o coração sorrindo é uma melodia metálica, algo mais... escuro, eu diria. Aquelas coisas de 'meninos de preto', adolescência rebelde ou então, 'mais pesadinho e 'gritante'. Ela aprendeu a ouvir e achou bastante interessante aquela mistura lírica com outras coisas. Ele nunca concordou com algumas das suas ideologias. Os dois aprenderam muito. Ele sempre foi perito no que diz respeito a 'tecnologias avançadas'. Ela por muitas vezes patinou nas fases do Super Mario. Ele nunca escrevia. Escrever sempre trouxe vida ao coração daquela menina-mulher. Diferentes e talvez iguais. Todos já ouviram falar na história da atração dos opostos. Com eles funcionou, mas a vida não depende apenas das teorias. As diferenças e as igualdades são inúmeras. Os motivos, ela também já não sabe. Ponteiros e tic tac's acelerados. A carta. Duas fotografias. A lembrança. A palavra omitida. A indiferença mais uma vez. Não há por que voltar. E nem consertar. Destinos diferentes. Encontros. Desencontros. O que perdeu, nunca se possuiu. Eu queria entender a história dos opostos. Eu queria entender a vida. Passado. Nunca mais. Pés descalços correndo atrás daquilo que se quer achar. As pisadas na areia são duas, uma ao lado da outra. O céu, ele sim continua no mesmo lugar. Os pensamentos não, tudo diferente. A indiferença. Mas um pensamento ainda prevalece. Tudo poderia voltar com aquele ruido dialogal inexistente em suas presenças. Mas ela tentou. Não entendia a fuga. O que sempre faltou? Talvez nunca se saberá, ele já não sabe o que foi. Ou a indiferença afoga aquilo que nunca existiu. Eu queria entender o medo com o 'porvir' da realidade inventada.
Sempre achei que não iria demorar tanto... Eu não acredito mais nisso. Eu abandonei. Subitamente abandonei o espaço, querendo me envolver com o real. Meus irreais são aqui, a tabulação do que creio, penso, desacredito, sinto, vivo. Abandonei de novo. Voltarei. Pausa. Voltei. Eu não quero mais demorar. Tenho aprendido com a nova rotina.
Espaço dedicado ao compartilhamento de arte, debates, ideias e manifestações humanas.
Que a sensibilidade nos mostre a morte que temos feito de nós, humanos que somos, caçadores de esconderijos.
Que a sensibilidade nos aproxime, do nosso próprio ser, antes de mais nada.
... eu imaginei quando por trás de mim o mundo acontecia. Tão perto. Íntimo. E frio como gelo que não derrete.
As folhas estavam agitadas pelo frio seco e ensinavam um novo caminho distraído, mas inquieto. Quis voltar e partir para o inverso daquilo que planejei. Mas os planos já estavam feitos. Segui pela sonoridade que o coração insistia em lembrar. Lembrei do mundo real. Sangrento, solitário, barulhento e indiferente.
Pai, até quando vamos continuar nos enganando? As cenas estão distantes. Estragamos tudo. Deixamos para depois o que deveríamos ter vencido inicialmente. Perdemos por nossa causa. Intercalamos as atividades, jogamos para o mar a sensibilidade do nosso corpo, do nosso ser... E continuamos buscando nos encontrar. No vão da nossa alma.