Deixo contigo meu sangue
meus livros e minhas horas.
E a dor cansada na insônia
contra o lençol das demoras.
Deixo a paz que eu encontrei
mas me fugiu entre os dedos.
E a chave surda e sem uso
da gaveta dos meus medos.
Deixo perdido um poema
e não por esquecimento:
mas pra que um dia eu te encontre
na leve pauta dos ventos.
Deixo contigo meu ventre
meus olhos, minhas entranhas.
E com mãos nuas, reflito:
- Perde mais quem hoje ganha?
Deixo contigo meus beijos
meu suor, meu desabrigo.
Deixo roupas, documentos.
De meu, nada irá comigo.
Deixo a sombra, de teimosa.
Deixo as fotos, deixo a casa.
Do poço mais infinito
E a dor cansada na insônia
contra o lençol das demoras.
Deixo a paz que eu encontrei
mas me fugiu entre os dedos.
E a chave surda e sem uso
da gaveta dos meus medos.
Deixo perdido um poema
e não por esquecimento:
mas pra que um dia eu te encontre
na leve pauta dos ventos.
Deixo contigo meu ventre
meus olhos, minhas entranhas.
E com mãos nuas, reflito:
- Perde mais quem hoje ganha?
Deixo contigo meus beijos
meu suor, meu desabrigo.
Deixo roupas, documentos.
De meu, nada irá comigo.
Deixo a sombra, de teimosa.
Deixo as fotos, deixo a casa.
Do poço mais infinito
só levo a alma, presa e rasa.
[Jaime Vaz Brasil]
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