Nos encontramos duas vezes na semana. O dia todo. A cada encontro, a cada troca, volto com uma espécie de renovação interior. Não gosto do termo “trabalho”, ainda que essas oficinas de rádio na escola me exijam uma forte disponibilidade de tempo, elaboração e força. E mesmo sem os “auxílios da causa trabalhista” – (pudera! Até quando os profissionais da educação permanecerão tão desvalorizados?), vejo como reflexo de um ganho e como uma mudança de realidade na minha mente.
De fato, há tanta coisa para descobrir. Esse mundo paralelo não é dividido em dois mundos, senão dois, três, paradoxalmente a outros universos de realidade, tornando-se um inesgotável aprendizado. O bendito clichê “existe vida lá fora” se torna tão claro a cada história, descontentamento, angústia, surpresa, satisfação. Tenho aprendido em cada olhar. Seja triste, revoltado ou alegre. Parece que sempre me são verdadeiros, mesmo que alguns tenham descoberto a mentira há algum tempo.
Eu sempre gostei de cartas muito mais do que outras formas de expressão. Há muitos anos não recebia uma. Eles escrevem sempre. Papéis com palavras simples e desenhos- muitos desenhos coloridos - me retornam de novo a minha infância. Como pode ser tão significativa uma carta para uma criança? As meninas fazem envelopes, do mesmo jeito que eu costumava a fazer. Delicados, alguns meninos recortam formatos de flores em papel. Outros, não escrevem cartas. Muitos não gostam de escrever. Alguns sequer me escreveriam. Outros ainda não aprenderam a ler. Todos gostam de música. Jogam, brigam, brincam e outros cantam. Alguns nem sabem meu nome.
Sem distinção, todos escrevem com os atos, com perguntas inusitadas, com ações que surpreendem. E mesmo na tristeza e na realidade que espera em muitos, passam força.
O projeto visa contemplar escolas periféricas do País com altos índices de reprovação e violência, fazendo com que o aluno permaneça na escola no turno inverso de estudo com acompanhamento de oficinas que lhe auxiliem na autoestima, redução de danos e melhoramento escolar.
O projeto visa contemplar escolas periféricas do País com altos índices de reprovação e violência, fazendo com que o aluno permaneça na escola no turno inverso de estudo com acompanhamento de oficinas que lhe auxiliem na autoestima, redução de danos e melhoramento escolar.
O momento de despedida é um pouco doloroso. Retorno no ano que vem. Foi uma escolha ultrapassar o tempo que deveria ficar e que contempla o período de 1 ano. Espero encontrar muitos dos mesmos. Mas tantos outros novos para entender que o plano deu certo e conseguiu ajudar alguns. Espero aprender mais. E continuar refletindo sobre esse estranho e espantoso mundo. Capaz de causar diferentes e diversas sensações ao mesmo tempo. Diante dos meus olhos.
3 comentários:
pode ter certeza de que já ta dando certo, linda. Se os olhos deles lhe passam força, seu sorriso passa deve conforto. Morro de orgulho de vc.. bjones
longe querer fazer comparaçoes, mas aceite por favor isso como um grande elogio: vc está uma rainha dos baixinhos! kkkkkkk, eles devem te adorar, Di! :* Rafa
De novo, pois amo vc, amo.
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