terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sobre mentiras e verdades


Cansei de varrer angústias para debaixo dos chavões.

Não me incomoda mais o julgamento impiedoso e implacável dos que sobrevivem de certezas. Não estou mais disposto a repetir velhas fórmulas que não me fazem sentido, nem oferecem abrigo para as almas amarrotadas pela dor. Não suporto mais a solidariedade das palavras vazias dos clichês religiosos e da teologia mais ocupada em defender a Deus do que em amar o próximo.

Não temo o caminho. A noite escura do silêncio e das dúvidas da alma não me apavora mais do que a infertilidade dos dogmas do dia claro. Tenho certeza de que minha trilha é percurso de vida. E tenho boas razões para crer assim.

Ando sobre as pegadas dos questionadores, dos inquietos, dos rebeldes, dos que não encontram descanso, sem qualquer temor de me perder no labirinto da complexidade da razão e dos descaminhos do coração, que “têm razões que a própria razão desconhece”.

O que não quero é ser contado entre os cínicos. Não me admito mais seguindo na fila indiana dos covardes. Jamais aceitarei a possibilidade da hipocrisia. Prefiro a verdade, a minha verdade, ainda que minha verdade seja mentira, pois mais vale apostar no que é verdade para a consciência, ainda que seja mentira, do que numa verdade estranha à consciência. A consciência vale mais que a verdade, pois somente na verdade relativa da consciência a verdade verdadeira poderá se impor sobre a mentira.

Minhas vísceras clamam pelo encontro com a pessoa que é a verdade, e justamente por esta razão não posso conviver com quaisquer verdades que sejam estranhas à minha consciência. Prefiro estar errado sendo íntegro do que certo sendo falso.

Não me importo em descobrir que minha verdade é uma mentira.

[Ed K.]

Um comentário:

Jun disse...

vc é doce e surpreendente forte em todos os momentos, eu sou apaixonado por isso..