tragam-me boas novas. me ensinem a esperar.
digam-me que vai acabar tudo bem. façam-me esquecer o (in)esquecível.
dancem comigo. coloquem música a minha vida.
falem-me de amor.me deixem sonhar.
Quando o dom artístico e a vontade de fazer música são maiores do que a necessidade e a falta de instrumento, o som pode sair de qualquer lugar. Balde, lata, tampa de panela industrial, garrafa de vidro ou pet, copos e vidros são alguns dos “objetos musicais” usados de forma criativa pelo grupo de 27 crianças e jovens da ONG Anjos e Querubins.
A idéia inicial de um grupo de teatro se expandiu e vem crescendo ainda mais. Do teatro à dança e da dança à música. Bem Hur Flores, o coordenador do projeto diz que o trabalho com cunho social, deve também ser visto como um grande esforço artístico. “São crianças da comunidade com técnicas de mesma exigência de grupos mais reconhecidos”.
A precisão deu margem à originalidade. Os sons envolventes e fortes das caixinhas improvisadas, dos chocalhos feitos pelas jovens mãos talentosas, soam com a mesma intensidade da união entre o grupo. “Somos como uma família”, diz Marcelo dos Anjos de 17 anos. Integrante do grupo desde a fundação em 2003, o responsável pelo som do “jamelão” conta que, mesmo com as grandes dificuldades financeiras que o grupo passa, a união e a paixão pela arte causam motivação e esperança de crescimento da ONG. Ao mesmo tempo em que conta sua história, a pequena Emily de 5 anos mostra os livros doados que formam a pequena biblioteca do projeto. No pátio, alguns jogam vôlei para mais tarde ensaiar. Ensaios que rendem aplausos e emoções em cada apresentação. Os pequenos anjos e os talentosos querubins já viajaram para algumas cidades do estado e estarão indo pela segunda vez ao Rio de Janeiro, em outubro.
[Matéria publicada no jornal 'O Pescador' do mês de outubro.]