sexta-feira, 3 de maio de 2013

Trinta dias de tudo.


Ainda pesa e acalenta
aquele 3 de abril
hoje, 30 dias
que não passaram.

Na parede, no centro da sala
nas roupas estendidas
no fundo da alma, no teu violão
nestes meus braços
que sentem falta dos teus
teu cheiro e tua presença espalhada
em cada verso desta casa
e desta vida
e de tudo o que vejo e sinto e entrego
me levam e me trazem a ti, pai.

Tão difícil escrever um poema a ti
tu és o meu poema
meu único verdadeiro poema
o único sentido até agora
pra eu continuar acreditando
em poema.
e em vida.
tu me destes vida.

E me restaram poucas palavras
me restaram flores
que um dia ganhei do teu cuidado.

Me resta a tua herança de sonhos
sonhados em mim
como um pedaço de ti
parte do teu sangue e de tudo
tudo o que vivemos até aqui.

Me restam teus restos
que são maiores que tudo.
É difícil, pai, tão difícil
viver sem teus olhos.

Segura em minha mão. Preciso.
Hoje chove como naquele dia.
E eu estou aqui na sala
esperando o senhor tocar pra mim.

Te mando flores do meu jardim
como agradecimento e redenção.
O violão está no canto da nossa sala.
Aqui. Ele é teu. Eu sou tua.

Acalma meu choro
e essa saudade que aperta
todos os dias.

Conduz de novo, meu passo
ao passo dos teus
e minha voz com a suavidade
da leveza dos teus pés.

Isto não é um poema
É uma filha para um pai.
E isto é tudo o que quero continuar sendo:
Tua filha. Tua.

Obrigada por me dar a vida
eu queria entregá-la a ti
todos os dias em que eu viver.

Um comentário:

Jun disse...

em lagrimas por tudo! soh tenho a agradecer por te-la pertinho, quero poder te abraçar sempre... ja disse e repito, linda, seu pai deve sorrir diariamente la de cima por sua causa. Amor e beijos.