quarta-feira, 25 de abril de 2012

insônia


escrever-te
 é aliviar esse clamor
ardente chama
escarlate cor


que range
tua falta tão presente
cáspide
encarecidamente


neste corpo
saudoso
dessa tua boca
agressiva
infetuosa
 que mata.


vem
em tua gravidade furiosa
tua cólera voraz
teu ânimo insano

dentro
em pranto


e banha meus ossos
como se eu
não existisse
ao amanhecer.


nina teu jeito de menino
com teus negros cabelos
-virgens
enrolados em meus dedos
-cravados
que correm
em tua face


e escrevem poesias
invisíveis
em tua cabeça

fixa meu par de pernas
em tua cintura
essa pulsante tremura
de ouvir uma canção
e te imaginar
em uma cena
com dois amantes

desesperados.

são essas lembranças
sufocadas e irreais

que corroem

são esses urros
costas salivadas

que rasgam

é essa tua pele
salgada
e é teu não explicar

que arde

é a ácida força
é essa ousadia
de me fazer tua odre
ao menos por segundos

que me faz cair em mim

e querer te cortar
em pedaços
e enviar para o espaço

a qualquer planeta
que não me exista

a qualquer mar
que não chegue
até mim
a qualquer caminho
sem fim

a qualquer árvore
sem fruto
a qualquer mundo
sem absurdo

a qualquer corpo
que
não
seja
mais
o meu.

4 comentários:

Anônimo disse...

Belíssimos os dois poemas: o escrito e o fotografado.

Claudia Machado disse...

Que lindo Di...
Pura mágia!

Jun disse...

sexy, sexy, sexy.. sem folego.

Jorge Braga disse...

Oxalá, aos deuses que estavam contigo, ao parir esse texto BELO!Parabens

É intimo, mas com beleza, não deixando-o ficar na futilidade; Tragas a essencia do supremo, e devolves em doce sabor à volupia.

Um abraço Literário.

JB