quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

E que os soldados são crianças...

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Deixe-me sonhar
Deixe-me acreditar
Eu sou o que tenho a vencer
Eu sou o que tenho de aprender
Eu quero ainda acreditar
Que as flores vencem os fuzis
E que a água dos cantis,
um dia regará a terra em flor...

Eu teimo em crer que o amor
é mais forte
que todas as lanças
e que os soldados são crianças
brincando com o fogo no silêncio...

Eu teimo em crer no amor.

As Flores e os Fuzis
(Paulo Venegas)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Naquela mesa - (Sobre viver vivendo)

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A música é uma das sensações que mais sinto. Pela poesia que me envolve. Pelo som que entra dentro do meu corpo como uma catarse cirúrgica. Pelo clamor que há. Pelo seu próprio silêncio, talvez.

Existem algumas que me marcam de forma peculiar. “Naquela mesa” é uma delas. Na década de 70, o compositor e jornalista Sérgio Bittencourt a escreveu em homenagem ao seu pai, o compositor de choro Jacob do Bandolim, que tinha falecido em uma sexta-feira de agosto. Anos depois, seu filho faleceu “do coração”, como o próprio pai. Mas sua canção segue até hoje e é um hino de saudade àqueles que são como pedaços de nós.

Cada vez que ouço, mesmo não tendo passado pela mesma experiência, sinto um misto de lembrança e refrigério. Dor, frenesi e vontade de continuar vivendo. Porque meu encantamento é no quanto a vida é um sonho. Um sonho diário que deve me causar espanto. Uma surpresa excitante. Por ter valor.

Nada morreu para mim ou dentro de mim. Eu só estou sentindo que o coração batendo/o pulso pulsando- ao lado do amor - é o dom mais precioso que eu poderia ter. E que estando perto ou longe, tendo vida ou tendo morte, seja o que for e venha o que vier, importa é que cada amanhecer seja aproveitado como se a noite não fosse chegar.

Quero estar perto de quem amo enquanto é tempo. E em fora de tempo, vou me lembrar que vivi sentindo a vida. Independente do próximo sol aparecer.


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Palavra (En)cantada

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Documentário dirigido por Helena Solberg, discute a relação entre música e poesia no Brasil

Em um país com uma forte cultura oral como o Brasil, a música popular pode ser a grande ponte para a poesia e a literatura.
Palavra (En)cantada conta com a participação de Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero, Arnaldo Antunes, BNegão, Chico Buarque, Ferréz, Jorge Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik, Lirinha (Cordel do Fogo Encantado), Lenine, Luiz Tatit, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro, Tom Zé e Zélia Duncan.

A maioria das entrevistas foi feita em casa e alguns deles cantaram e tocaram canções especialmente para o documentário, fato que realça a atmosfera intimista do longa-metragem.



Conheça mais AQUI.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Enquanto eu além de tudo...

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Enquanto eu rondó, você madrigal.

Tudo estava mudado. Até o ar.

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No lugar da ventania seca e brutal que outrora me tinha acolhido, soprava uma brisa suave carregada de aromas. Um ruído semelhante ao da água vinha das alturas: era o vento passando nas florestas.

Por fim, o maior espanto foi ouvir o verdadeiro som da água correndo... Vi que tinham feito uma fonte, que a água era abundante e... o que mais me tocou: haviam plantado perto dela uma tília. Símbolo máximo do renascimento.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Pelotas sediará o I Encontro Nacional de Mulheres da Música Popular Brasileira

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Compositoras, cantoras, intérpretes, atrizes e instrumentistas de várias regiões do Brasil reunidas em Pelotas para desvendar e expor a música enquanto elemento feminino, sua produção e sua relação com a natureza.

O evento contará com apresentações das artistas de fora e locais, workshops, oficinas, palestras e vivências em torno da temática Música, Mulher e Natureza.

Nomes já confirmados:

- Déa Trancoso;
- Tetê Espíndola;
- Socorro Lira;
- Paula Pi;
- Lucina Carvalho.

[Estamos recém no início dessa construção que já tem frutificado em concretas ações e encaminhamentos. Em breve mais informações].

Contatos:
Ediane Oliveira
Janete Flores
Juliana Charnoud
Landa Ciccone

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Num deserto de almas também desertas...

uma alma especial reconhece de imediato a outra.


De repente, estou só. Dentro do parque, dentro do bairro, dentro da cidade, dentro do estado, dentro do país, dentro do continente, dentro do hemisfério, do planeta, do sistema solar, da galáxia — dentro do universo, eu estou só.
De repente. Com a mesma intensidade estou em mim. Dentro de mim e ao mesmo tempo de outras coisas, numa sequência infinita que poderia me fazer sentir grão de areia. Mas estar dentro de mim é muito vasto.
[Caio F. Abreu]




sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O sentido da democracia para quilombolas e indígenas, no FST 2012

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Durante o Fórum Social Temático de 2012, em Porto Alegre, quatro pesquisadores e três políticos expuseram suas versões sobre o sentido da democracia: Ignácio Ramonet, do jornal francês Le Monde Diplomatique; o sociólogo português Boaventura de Souza Santos; Bernard Cassen, professor da Universidade de Paris 8; o ativista social Chico Whitaker; o presidente da Assembleia Legislativa, Adão Villaverde (PT); o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho (PT) e o governador Tarso Genro (PT). Importantes, encorpadas e necessárias intervenções para um panorama maior aos debates que aconteceram durante o evento.

Mas no auditório lotado da Assembleia Legislativa do RS, a participação popular também manifestou o atual estado da democracia no País: integrantes de movimentos populares tinham algo a dizer. Fizeram isso num protesto durante o discurso do Ministro Gilberto Carvalho, e falaram o que pensam sobre o tema para a reportagem do Coletivo Catarse:

Por Dentro

[canção]

Estou voltando eu prometo
deixa a poeira passar
o vento vai levar tudo
estou voltando de lá

prometo que chego logo
deixa essa onda quebrar
a onda que salga a pele
e os poros que teimam em gritar

já chego de volta ao começo
de novo pra recomeçar
remonto a estrutura do vento
remota estátua de sal
me espera já chego, eu prometo

trazendo a saudade de lá
nos poros que ardem por dentro
ventando eu já volto de lá
rasgada em verdade eu prometo
que volto quando eu chegar.

[Composição minha em parceria com Janete Flores para o disco Flor de Lótus]

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

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pára; deixa teu suor se confundir
com a água da chuva
teu corpo fatigado
em pauladas tórpes
precisa sentir
carícias em suas curvas

fica, deixa essa água cair
gelando teus ombros
escorrendo em pingos teus cabelos
jogando pra baixo do inferno
teus escombros
tapeando teus desesperos!

vai, a mágoa vai passar
palavras duras
e não's frios sairão pele a fora
teus pêlos sentirão calafrios:
é a água levando
teus pensamentos doentios

todos fecharam suas janelas
- observam, distantes, pelo vidro
... mas espinhos são levados pelo vento
como suas vontades, impecilhos
vazios, sem tempo e desafio

tira, chinelos ficam lá!
te entrega mais a essa chuva:
ela é de graça
e nao traz desgraça
não a desfaça!

pois permanece santa
quando cai com calma
pura e gelada, desce agora
em teus poros, tua alma

tua fala em tua garganta tranca
grita! ao menos uma vez essa desordem

lamenta então ao rio que passeia em tua área
tuas dores aliviarão em água.

Alberta Hunter

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Para aqueles que, assim como eu, gostam de um belo blues, Alberta Hunter é um nome que fortalece o quanto a música é inesgotável em refinação.

Aclamada pela crítica na mesma linha que Ethel Wathers e Bessie Smith, Alberta Hunter iniciou nos palcos na década de 20. Seu falecimento foi em 1984, mas até hoje sua música perdura na alma daqueles que se deixam envolver pela boa música negra.

O blues tem uma pressão, uma verdade charmosa e melancólica... que arrebata.