quarta-feira, 22 de abril de 2009

Existem sons lá fora...

... Faz silêncio aqui.


Faz frio aqui. As luzes estão acesas e eu já me cansei desse episódio escuro dentro de mim que aos poucos se tornou rotina. O coração cheio, a mente vazia. A quantidade exacerbada de exercícios fadigados, o coração querendo entender ou simplesmente bater e o raciocínio precisando funcionar. Tantas palavras que talvez saiam em vão.

O mundo correndo lá fora. E as mesmas palavras de sempre. Liberdade e silêncio? O que eu sei disso tudo? Hoje já nem tem melodia, mesmo que triste, mesmo que sempre presente. O céu chorou ao me ver. E eu chorei quando vi o que fiz de mim mesma e com o próprio céu que sempre chora por mim.

O quarto está vazio e o que resta são os sons do pensamento ao tentar entender o que foi feito do passado melhor. O que virá amanhã. O quê?
Os cães lá fora latem. E eu já não sei o porquê. Parecem querer ser ouvidos. Mas por quem? E quem há de se importar? Talvez eu seja a única que os ouce daqui, mas também não me importo. Fico igual ao mundo dormente. O mundo está dormindo como anjo e a noite grita lá fora junto com os cães. Esses meus olhos entreabertos soam como ser desatento àquilo que é real.

Há lições a fazer. A cada dia elas crescem como a quantidade de questionamentos e temor dentro de mim. Existe algo do outro lado que eu não sei o que é. Existe algo aqui dentro que eu ainda não descobri. Eu me sinto tão livre aqui, mesmo desconhecendo. Tão presa lá, mesmo não concluindo nada.
Passos misteriosos na rua, frustração aqui dentro. Os passos seguem caminhos. O coração chora pelo ser humano. Como a humanidade é estúpida e como essa minha fragilidade não tolera o descaso. Eu mesma já não tolero minha própria fragilidade.

Existe indiferença. Por que diabos eu ainda tento entender? O pensamento triste diz: "Tu destes espaço!". Eu não quero mais pensar. Amanhã tudo volta ao normal e eu também já não quero mais tentar me adaptar. Que se dane o encanto. E toda "melodia" que eu sempre achei encontrar. Pelo menos agora.
Ao menos nessa noite fria.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Traga de volta o meu coração...

O mundo acontecendo lá fora. E eu encontro tantas milhas de sentimentos aqui dentro não querendo calar. Tornam-se opostos ao silêncio pela sensibilidade e profundidade que a alma é capaz de ter quando sem nem esforços tem vontade de gritar.
Eu queria falar do surrealismo bom, fitar meus olhos nas minhas obrigações como aprendiz de algo que eu acredito ser relevante. Exercitar os temas vocálicos tão atrasados. Mandar aqueles tantos textos devidos e burocráticos pras minhas fadigadas disciplinas. Fazer qualquer coisa para sentir-me útil. Mas não quero agora e já nem consigo. Permita-me dizer, não nasci para estar aqui. Sempre me disseram isso, e eu também quis acreditar em mim mesma. Hoje eu sei. O mundo é dos espertos e eu nunca aprendi a ser. Não sei se existe fórmula exata para isso, e também nem sei aonde a encontrar. Mas descobri que não ser esperta é bom. Faz-nos mais humanos e frágeis. Quando nos tornamos frágeis, conseguimos ouvir tanto som desconhecido aos ouvidos espertos, egocêntricos e passageiros. E a realidade vem como nua. Sem vestes. E mesmo que talvez impura, vem genuína de verdade.

O silêncio da noite e as tantas letras aqui presentes. Um coração batendo tentando não entender o estado passageiro da vida. Um coração que acredita na eternidade bem mais do que no próprio mundo cativo e desesperado. Um coração que não quer mais o mundo assim. Nunca quis. Coração abatido, mas não desanimado.
Não me mande ir embora agora. O tic tac do relógio alerta as funções do dia que nasce daqui a pouco. E o que me importa se eu já não sei o que poderá vir quando o sol chegar? Ele pode não brilhar, mas hoje eu já não posso pensar no tão desejado estudo sobre a realidade humana e estúpida. Quero coisas mais reais, preciso. Elas vêm como uma tempestade que chega tão de repente no meio do silêncio. Eu preciso de momentos mais simples.

Certa vez alguém desabafou cantando:“Preciso de algo mais puro do que eu. Do que todo mundo". Sei que existe, está aqui dentro, bem pertinho de mim. Mas o mundo LÁ fora, o mundo AQUI fora também está perto AQUI dentro. Ele anda forte como o vento e estúpido como o fogo. Cínico como um gato quando pede comida, avassalador como uma traição. Distante como as estrelas pra quem não acredita nelas. Ele precisa de mim. O que eu estou fazendo?

Traga-me de volta os meus pedaços. E junto a eles, monte meu coração que se quebrou. Traga-o de volta aos meus olhos, pois ele se perdeu; e me faça de novo acreditar no lugar em que vivo. O mundo é carente como a sede que deseja saciar-se. Precisa de compaixão. Ele precisa de profundidade, de eternidade. Eu estou cansada como ele. Cansada do vazio e da perdição, mas eu não me cansarei de acreditar de encontrar a paz que eu conheço. Paz real, eterna e pura. Muito maior do que eu sempre desejei. Aonde estava o meu coração? Encontre-o e leia o que está escrito dentro. Ele sempre quis gritar, sonhou em dizer, mas apenas escreveu. Lá estão as palavras e acredite, mais uma vez a melodia está perto. Tão perto que junto com cada palavra, tornam-se um.

Não há letra sem melodia. Mesmo que aparentemente silenciosa, ela soa como música. Como sintonia. Como harmonia e acordes. Mesmo que triste, mesmo que grite melancolia. Ligue a luz assim que encontrar o coração. Não esqueça de ler a verdade que eu sempre acreditei. Leia pra mim e pra você as coisas reais. Elas estão ali, dentro do coração em pedaços.