sexta-feira, 28 de setembro de 2012

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

(des)espero



eu sei, se há,
são resquícios
não manda nada:
jardim de calçada
os simples caminhos
ilineares
foram tuas escolhas
eu sei

não me revelarei:
com dor, fecho a porta
meu nome desfaz
com labareda que resiste
não olha, não diz
continua vão

em ti apaga
a vela acesa ainda
com o céu escuro

não há trovões
não há relâmpagos
dormência é aí
e aqui dentro
pulsante no espelho
de um corpo esquecido

nem sangue
nem fé
nem revolta
nem volta
te trazem
de volta

nem espaços
deste espaço
colocam meu passo
ao passo
do teu passo
num mesmo espaço

eu sei.

nem rastejos, nem flores
hemisférios e poemas
te trazem a mim
e eu passo a bola
para o fim

sem a palavra
que nos une
sem o verbo
que nos chama
sem essa saudade
que eu ainda
sinto

sem idas
sem voltas
sentindo
o sentido
sem ti.

O 20 de Setembro


Na manhã desta quarta-feira (19), véspera das comemorações da chamada "Revolução Farroupilha", o historiador Tau Golin conversou com os ouvintes da RádioCom e traçou um panorama histórico deste acontecimento. Golin é professor da Universidade Federal de Passo Fundo (UPF) e autor do livro Rio Grande em debate: conservadorismo e mudança, que aborda questões sobre a história do Rio Grande do Sul.

domingo, 16 de setembro de 2012

Que nunca sepas ni cómo, ni cuándo.


Que el maquillaje no apague tu risa,
Que el equipaje no lastre tus alas,
Que el calendario no venga con prisas,
Que el diccionario detenga las balas,
Que las persianas corrijan la aurora,
Que gane el quiero la guerra del puedo,
Que los que esperan no cuenten las horas,
Que los que matan se mueran de miedo.
Que el fin del mundo te pille bailando,
Que el escenario me tiña las canas,
Que nunca sepas ni cómo, ni cuándo,
Ni ciento volando, ni ayer ni mañana

Que el corazón no se pase de moda,
Que los otoños te doren la piel,
Que cada noche sea noche de bodas,
Que no se ponga la luna de miel.

Que todas las noches sean noches de boda,
Que todas las lunas sean lunas de miel.

Que las verdades no tengan complejos,
Que las mentiras parezcan mentira,
Que no te den la razón los espejos,
Que te aproveche mirar lo que miras.
Que no se ocupe de ti el desamparo,
Que cada cena sea tu última cena,
Que ser valiente no salga tan caro,
Que ser cobarde no valga la pena.
Que no te compren por menos de nada,
Que no te vendan amor sin espinas,
Que no te duerman con cuentos de hadas,
Que no te cierren el bar de la esquina.

Que el corazón no se pase de moda,
Que los otoños te doren la piel,
Que cada noche sea noche de bodas,
Que no se ponga la luna de miel.

Que todas las noches sean noches de boda,
Que todas las lunas sean lunas de miel.


terça-feira, 11 de setembro de 2012

A Curva Da Cintura: Que me continua


Se ando cheio, me dilua.
Se estou no meio, conclua.
Se perco o freio, me obstrua.
Se me arruinei, reconstrua.
Se sou um fruto, me roa.
Se viro um muro, me rua.
Se te machuco, me doa.
Se sou futuro, evolua.

Você que me continua.
Você que me continua.
Você que me continua.

Se eu não crescer, me destrua.
Se eu obcecar, me distraia.
Se me ganhar, distribua.
Se me perder, subtraia.
Se estou no céu, me abençõe.
Se eu sou seu, me possua.
Se dou um duro, me sue.
Se sou tão puro, polua.

Você que me continua.
Você que me continua.
Você que me continua.

Se sou voraz, me sacie.
Se for demais, atenue.
Se fico atrás, assobie.
Se estou em paz, tumultue.
Se eu agonio, me alivie.
Se me entedio, me dê rua.
Se te bloqueio, desvie.
Se dou recheio, usufrua.

Você que me continua.
Você que me continua.
Você que me continua.


domingo, 9 de setembro de 2012

Mundo grande


Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?

Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)

Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.

Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos.

[Drummond]

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Eduardo Freda é arte daqui


As mãos que hoje estão livres, que retumbam distante o som inconfundível do pampa gaúcho, são as mesmas que há séculos foram retiradas de seus lares em algum lugar de uma África distante e que construíram a suor e muito sangue as riquezas e o imaginário que nunca lhes pertenceram. Histórias de dor e amor fazem parte do disco gravado ao vivo por Dudu Freda, contando cenas nascidas na África com desenrolar em Pelotas, nos tempos das Charqueadas e nos dias atuais.